segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Novo site

Caros amigos.

Após quase um mês de atividades, com muita alegria os convido para visitar meu novo site.

Dalenogare.com

Com um visual mais limpo e um pouco mais organizado, a plataforma também trouxe mais estabilidade para as postagens.

Conto com a visita de vocês!

See you at the movies!

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Umberto D. (Humberto D.) - 1952




Umberto D foi um fracasso de bilheteria na época de seu lançamento, em 1952. A história escrita por Cesare Zavattini é tão deprimente que os italianos, em meio a uma tentativa de reestruturação política e econômica, não aceitaram ver a representação de um filho da desgraça social na grande tela. Isto fez com que Umberto D se tornasse o responsável direto pelo fim do neorrealismo italiano puro: as críticas lançadas ao diretor marcaram as transformações feitas por Federico Fellini, que, nas palavras de Mark Shiel, criou um neorrealismo “autoconsciente de seu papel” (o que pode ser notado já em La Strada, produzido em 1954).

Umberto Domenico Ferrari é tão cativante quanto Antonio Ricci, de Ladri di biciclette (1948). Recebendo uma aposentadoria com valor muito baixo, este senhor luta para comer, dormir e cuidar de seu cachorro (que se torna um elemento central na história). A única pessoa com quem Umberto pode contar é Maria, a ajudante da pensão onde vive que teme ficar desempregada por conta de uma gravidez indesejada.

Passamos a criar uma feição pelo personagem interpretado por Carlo Battisti (em seu único trabalho como ator, já que trabalhava como linguista). Quando Umberto perde seu cachorro e luta para reencontra-lo, o espectador compreende a feição entre os dois: o cachorro era o único amigo de Umberto. Seus antigos parceiros negam dinheiro e não se mostram abertos para diálogo. Ao pensar em dar um fim a sua vida, Umberto olha para o cachorro como um filho, do mesmo modo que um pai observa seu bebê e entende que não pode deixá-lo sozinho neste mundo. A última cena do filme é emocionante, me marcou muito.

Mostrando uma Roma sem perspectivas de melhoras, o diretor Vittorio De Sica colocou um alvo em seu peito. Apenas após algumas décadas o filme passou a ganhar o merecido reconhecimento. Ontem falei de Bergman: segundo o sueco, Umberto D foi a maior produção da história do cinema, muito pelo fato do diretor usar as telas para fazer uma crítica direta às políticas italianas.

Recomendado!

NOTA: 9/10

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Nattvardsgästerna/Winter Light (Luz de inverno) - 1963


Entender a fé do homem foi uma das principais preocupações de Ingmar Bergman. O diretor sueco questionou tudo o que podia, desde o sentido religião até símbolos e rituais em sua vasta  filmografia. Luz de inverno, segundo o próprio Bergman, foi o melhor filme que produziu em sua vida.

Tomas (Gunnar Björnstrand) é um padre de um pequeno vilarejo que reza missas e investe em longos diálogos com os fiéis (apesar da pouca participação dos fiéis - na primeira cena do filme, apenas sete pessoas estão presentes no sermão). Sua fé é testada quando um homem com pensamentos suicidas passa a questionar Deus, muito pelo medo dos chineses lançarem uma bomba atômica (vale mencionar que o filme foi rodado um ano antes da Crise dos Mísseis de Cuba). Porque o criador do universo permitiria ver seu mundo destruído pelas mãos de seus criados?

Além da falta de fé do próprio padre, o longa trata de seus problemas pessoais, que vão desde a morte de sua mulher até o desejo de uma fiel em se casar com Tomas. O clímax do filme, sem dúvida, é o diálogo final sobre a interpretação da Paixão de Cristo: o questionamento sobre o sofrimento de Jesus encaixa perfeitamente com o que vimos ao longo de oitenta minutos (não quero ir adiante para não soltar um grande spoiler).

Apesar de ser produzido nos mesmos moldes de todos os grandes filmes do diretor, eu não recomendaria este filme para alguém que não conhece Bergman. A monotonia das cenas iniciais, uma tomada de seis minutos com uma atriz dialogando diretamente com as câmeras, e algumas complexas passagens sobre religião podem afastar o espectador. De todo o modo, é um filme interessante, que, apesar de não agradar a todos, foi muito bem planejado e produzido.



NOTA: 7/10