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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Umberto D. (Humberto D.) - 1952




Umberto D foi um fracasso de bilheteria na época de seu lançamento, em 1952. A história escrita por Cesare Zavattini é tão deprimente que os italianos, em meio a uma tentativa de reestruturação política e econômica, não aceitaram ver a representação de um filho da desgraça social na grande tela. Isto fez com que Umberto D se tornasse o responsável direto pelo fim do neorrealismo italiano puro: as críticas lançadas ao diretor marcaram as transformações feitas por Federico Fellini, que, nas palavras de Mark Shiel, criou um neorrealismo “autoconsciente de seu papel” (o que pode ser notado já em La Strada, produzido em 1954).

Umberto Domenico Ferrari é tão cativante quanto Antonio Ricci, de Ladri di biciclette (1948). Recebendo uma aposentadoria com valor muito baixo, este senhor luta para comer, dormir e cuidar de seu cachorro (que se torna um elemento central na história). A única pessoa com quem Umberto pode contar é Maria, a ajudante da pensão onde vive que teme ficar desempregada por conta de uma gravidez indesejada.

Passamos a criar uma feição pelo personagem interpretado por Carlo Battisti (em seu único trabalho como ator, já que trabalhava como linguista). Quando Umberto perde seu cachorro e luta para reencontra-lo, o espectador compreende a feição entre os dois: o cachorro era o único amigo de Umberto. Seus antigos parceiros negam dinheiro e não se mostram abertos para diálogo. Ao pensar em dar um fim a sua vida, Umberto olha para o cachorro como um filho, do mesmo modo que um pai observa seu bebê e entende que não pode deixá-lo sozinho neste mundo. A última cena do filme é emocionante, me marcou muito.

Mostrando uma Roma sem perspectivas de melhoras, o diretor Vittorio De Sica colocou um alvo em seu peito. Apenas após algumas décadas o filme passou a ganhar o merecido reconhecimento. Ontem falei de Bergman: segundo o sueco, Umberto D foi a maior produção da história do cinema, muito pelo fato do diretor usar as telas para fazer uma crítica direta às políticas italianas.

Recomendado!

NOTA: 9/10

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

La grande bellezza (A Grande Beleza) - 2013


Meus amigos, este é o melhor filme que vi nos últimos anos. Estou escrevendo esta crítica cerca de cinco minutos após encerrar a projeção desta pérola e posso garantir que você deve ir CORRENDO atrás desta obra de arte.

Tenho absoluta certeza que meus filhos ou netos vão encontrar “A Grande Beleza” no topo das listas dos melhores filmes produzidos na Itália, junto de Nuovo cinema Paradiso, La vita è bela, Ladri di biciclette e La Dolce Vita. Aliás, falando sobre este último, é impossível não fazer comparações de  Marcello Rubini (interpretado por Marcello Mastroianni em 1960) com o simpático Jep Gambardella (Toni Servillo).
Jep é um escritor que ainda colhe os frutos de um livro que escreveu quarenta anos atrás. Além de muito dinheiro, sua vida foi recheada de festas, mulheres e luxo. Ao completar 65 anos, Gambardella passa a questionar sua vida e busca algum tipo de inspiração para escrever um novo livro. Ao entrar a fundo na sociedade de Roma, Jep se encontra com um mágico, uma stripper, uma freira (considerada como uma santa em vida pelos seus próximos) e sua preocupada editora (só para citar alguns). Nos 140 minutos de filme, podemos notar uma crítica aguda a vida sem rumo de Jep. Ele sabe quais são os seus problemas, mas não consegue, de forma alguma, arranjar a solução. A busca pela “grande beleza”, que é abordada nos minutos finais do filme com um diálogo emocionante envolve completamente espectador. Sim, você é sugado para a história a tal ponto de querer opinar sobre certas atitudes de Jep.

Paolo Sorrentino nos presenteou com o melhor filme de 2013, em minha opinião. Permita-me citar meu diálogo favorito do filme, em italiano:

Finisce sempre così. Con la morte. Prima, però, c'e stata la vita, nascosta sotto il bla bla bla. É tutto sedimentato sotto il chiacchiericcio e il rumore. Il silenzio e il sentimento. L'emozione e la paura. Gli sparuti incostanti sprazzi di bellezza. E poi lo squallore disgraziato e l'uomo miserabile. Tutto sepolto dalla coperta dell'imbarazzo dello stare al mondo. Bla, bla, bla.  Altrove, c'e l'altrove. Io non mi occupo dell'altrove. Dunque che questo romanzo abbia inizio. In fondo, é solo un trucco. Sì, é solo un trucco.

Ô Academia. Vocês estão de brincadeira? Dias atrás escrevi sobre a disputada categoria de melhor ator. Sim, realmente temos uma porção de filmes muito bons, mas não ter premiado Toni Servillo, mesmo que apenas com uma indicação, foi um crime!

A fotografia é algo que só você assistindo para explicar. Ao mesmo tempo do charme de Roma, podemos observar o tão temido vazio que a cidade apresenta para Jep (muito bem exposto em uma caminhada do protagonista nas ruas vazias da cidade). A trilha sonora é limpa e muito interessante.


Assistam a este filme! Dou minha palavra que não irão se arrepender. 

NOTA: 10/10