"The cinema is not an art which films life: the cinema is something between art and life. Unlike painting and literature, the cinema both gives to life and takes from it, and I try to render this concept in my films. Literature and painting both exist as art from the very start; the cinema doesn’t." Jean-Luc Godard
O filme de hoje é Jackass Presents: Bad Grandpa (Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha, no Brasil) Assisti ao
filme estrelado por Johnny Knoxville devido a indicação ao Oscar de melhor
maquiagem.
Esperei pela versão sem censura, que contém dez minutos a
mais de cenas. Ao contrário dos outros filmes da série, desta vez temos um plot: Irving Zisman (Johnny Knoxville),
um senhor de oitenta anos, percorre os Estados Unidos com seu neto Billy
(Jackson Nicoll). A dupla estraga tudo o que vê pela frente, desde uma festa de
casamento até um funeral. Uma das taglines para promover o filme foi “pessoas
reais em situações irreais”. O uso de candid-cameras
da um ar diferente ao filme. Enquanto temos situações bizarras e engraçadas
(como a do jovem Billy em um beauty
pageant contest), outras são forçadas ao extremo.
Existem várias discussões no reddit e no IMDB que levantam
dúvidas quanto à veracidade das cenas. Não vou dar maiores detalhes. Mas sim,
algumas cenas (com a de um jogo de bingo) foram armadas.
Quanto ao ponto que me fez assistir Bad Grandpa: a maquiagem é muito boa. Mas confesso que fiquei surpreso
pela indicação da Academia (mas ok, depois que Norbit -2007- foi indicado para
receber o prêmio você não dúvida de mais nada).
Um de meus objetivos para este ano é completar minha lista
de longas vencedores do Academy Award de melhor filme. Segundo minhas contas
(obrigado especial a minha lista no IMDB), faltam 29 títulos. Ou 28. A
diferença ocorre graças à premiação feita na primeira entrega de prêmios, em
1929. A Academia criou dos prêmios diferentes: Outstanding Picture (que seria entregue ao filme com melhor
história) e Unique and Artistic
Production (entregue ao filme mais completo). Enquanto Wings levou o Oscar pela primeira categoria citada, Sunrise: A Song of Two Humans (Aurora, no Brasil) levou o
prêmio de produção. E ai começa a discussão. Considerar Sunrise como ganhador
do Oscar de melhor filme ou não? Cada crítico tem sua opinião. Os que acham que
não, que Sunrise não pode ser considerado como vencedor do Oscar de melhor
filme, geralmente citam a decisão tomada pela Academia em 1930, quando Louis B. Mayer decidiu dar apenas o prêmio
para melhor filme e deixou de lado o prêmio para produção, citando que Wings havia recebido o prêmio máximo no
ano anterior. Quem considera Sunrise merecedor do prêmio argumenta que as
cédulas de votação distribuídas para os membros votantes em 1929 não
diferenciava ou dava importância maior para uma ou outra categoria. Em todo
caso, vou considerar a opinião de Ebert, Gene Siskel e Roeper. Sunrise divide
as honras de 1929 com Wings. Fim da discussão. Esse é o filme que vi hoje e vou
avaliar aqui.
Vamos lá. Quer fazer um filme agora? Pegue seu iPhone, tablet,
celular. Fácil e rápido. Em 1929, as câmeras de cinema eram verdadeiros trambolhos.
Gravar uma tomada exigia paciência e cuidado. Os gastos com edição eram muito
altos. Como este é meu primeiro review de um filme mudo neste blog, quero
escrever um pouco sobre métodos de avaliação. Como classificar um filme deste
tipo? Anos atrás assisti a um episódio bem antigo do programa At the Movies onde um espectador
perguntava quais eram os critérios que Siskel utilizava para dizer que um filme
mudo era bom ou ruim. O apresentador ficou meio sem jeito, e elaborou uma
complexa resposta, onde citava que o conhecimento do contexto histórico do
período, das técnicas de filmagem, das formas de casting e das tendências da época deviam ser analisadas com muito
cuidado antes de avaliar X ou Y.
É muito difícil você dar um filme como Sunrise para uma pessoa
que não é fã de cinema e perguntar se ela gostou do que viu. O que pra nós hoje
pode parecer uma história sem sal, em 1929 era divulgada como “a mais bela
história de amor de nossos tempos”. Após o estouro de The Artist (2011), muita gente passou a pesquisar mais sobre o
cinema mudo, mas pelo que acompanho nas boards
(IMDB e reddit), dizer que Chaplin é a única coisa boa daquela época é um
crime!
Peter Bogdanovich diz que 1927 foi o melhor ano da história
de Hollywood. Ora, se os filmes mudos estavam ganhando superproduções
(comprovado com Sunrise), os irmãos Warner acabavam de produzir The Jazz Singer, primeiro filme falado
da história. Enquanto Wings
emocionava o público, Josef von Sternberg dirigia Underworld, primeiro grande filme de gangsters que influenciou o
famoso triunvirato do crime (Little
Caesar, The Public Enemy e Scarface – assim que acabar a correria
do Academy Awards deste ano vou fazer um post sobre este assunto).
"O homem" enfrentando a tentação
Segundo reza a lenda (devo dizer que essas fofocas de
Hollywood são ótimas), William Fox ficou impressionado ao assistir Nosferatu,
eine Symphonie des Grauens (1922) e Faust (1926), de F. W. Murnau. Com a ideia
de levar o expressionismo alemão para os Estados Unidos, Fox deu um cheque em
branco para Murnau fazer uma produção com tudo o que tinha direito. E o alemão
abusou. Gastou mais de 200 mil dólares para criar uma cidade que foi mostrada
em menos de três minutos de filme (e naquela época ninguém era capaz de fazer
tamanho investimento. 200 mil equivale a mais de dois milhões e meio de dólares
com o ajuste de inflação). Não falei do trambolho à toa. Se vocês notarem, na
maioria dos filmes mudos a câmera é presa ao chão. Isto acontecia pois os
equipamentos eram pesados, o que impossibilitava o operador de caminhar com o
equipamento, por exemplo. Fox contratou Charles Rosher, o cara que mais
entendia sobre operações de vídeo naquela época para tentar mexer a câmera em
algumas tomadas sem causar o “efeito tremedeira”. Apesar de não conseguir utilizar
a técnica durante todo filme, podemos notar algumas tentativas de movimento,
especialmente na cena em que o casal anda pela cidade.
Okay, vamos falar da história. Ela é muito simples: um homem
(George O'Brien) vivia uma vida feliz com sua mulher (Janet Gaynor), até que
uma mulher da cidade (Margaret Livingston) tenta fazer o possível para engatar
um relacionamento com o rapaz e fazer com que ele venda sua propriedade. Não
quero avançar muito no plot pois
existe um twist que dá ares
dramáticos a história.
O cinema mudo apostava muito na expressão facial. Em
Sunrise, elas são elemento chave para entender o turbilhão de sentimentos que
se passa na cabeça do homem. Ficar com sua mulher ou ir para a cidade com sua
amante? Atuações impecáveis. Outra coisa que me chamou atenção foi as
transições de cena. Justamente pelo fato da mobilidade do cinema mudo ser quase
impossível, o diretor tentou suavizar isto com cortes e transposições de imagem
muito suaves e agradáveis. Não é uma coisa brusca. Para ficar claro: ao invés
de cortar do rosto do homem para o rosto de sua mulher, por exemplo, o diretor
buscou harmonizar, cortando do rosto do homem para o mar, e então para o de sua
amada. O resultado é ótimo.
Falei sobre algumas revoluções do cinema no ano de 1927.
Quase ia me esquecer de citar outra: Sunrise foi o primeiro filme a utilizar a
tecnologia Movietone sound system. Apesar
de o filme ser mudo, alguns efeitos de áudio foram gravados, como as músicas de
uma orquestra e as risadas das pessoas em uma festa. A tecnologia de Fox só não
ganhou mais espaço, pois o Vitaphone dos irmaõs Warner virou o queridinho de
Hollywood.
Sunrise pode parecer simples, mas é um filme muito
ambicioso. O drama disfarçado de romance e com uma pitada de suspense foi um
dos grandes filmes da década de 1920.
Hoje temos aqui o filme nomeado para 10 Academy Awards. Wow!
No começo do filme, a mensagem "some
of this actually happened” é bem interessante. Os produtores tomaram como
base o escândalo do Abscam, uma operação gigantesca montada pelo FBI em Long
Island para deter a corrupção e a venda de licenças indevidas para construção.
Quando soube do lançamento do filme, na
metade de 2013, comprei o livro The Sting
Man: Inside ABSCAM, de Robert Greene para saber mais detalhes do que
realmente aconteceu e estabelecer uma comparação com o filme. Pensava que
aquela tradicional frase “baseado/inspirado em fatos reais” seria utilizada,
mas não, não foi. Por que? Bem, muito pelo motivo de que a investigação não teve
o charme apresentado pelo filme. E a prisão de um senador e seis membros do
congresso dos Estados Unidos no fim da década de 1970 não foi tão difícil de
conseguir – bastou paciência e alguns grampos. Ao mesmo tempo em que a
história do escândalo do Abscam serviu de base para American Hustle, a cadeia
de eventos e vários personagens chave foram alterados para dar ao filme um ar
muito parecido com o de The Sting (1973).
Diferentemente histórias absurdas e sem sentido que misturam
vigaristas com o FBI (sim, estou falando de você Now You See Me),
David O. Russell foi maduro o suficiente para não abusar do velho truque de
criar várias surpresas falsas durante o filme: ao invés disso, a trama tem
apenas uma grande reviravolta, guardada para a parte final do longa.
Irving Rosenfeld (Christian Bale) e Sydney Prosser (Amy
Adams) formam um casal de vigaristas que aplicam o golpe do crédito fácil. Após
serem descobertos e presos pelo agente do FBI Richie DiMaso (Bradley Cooper),
eles aceitam trabalhar para a agência em troca do perdão de seus crimes. Mas
para conseguirem retomar suas vidas, Irving e Sidney se envolvem com a Máfia e
com grandes powerbrokers de New Jersey, já que DiMaso os coloca como personagens centrais de um plano para prender
pelo menos quatro grandes figuras americanas e envolve Carmine Polito (Jeremy
Renner), poderoso político local, como um intermediário entre o casal e o FBI. Só que Rosalyn (Jennifer Lawrence) não aceita ver Irving,
seu marido, de caso com Sydney e pretende fazer a vida do personagem de Bale um
inferno até que ele volte para casa e crie seu filho adotivo com ela.
Direção de arte, fotografia, maquiagem e figurino fora de
série. Incrível! A trilha sonora recria o ambiente da década de 1970 nos EUA
com perfeição, com scores de Duke Ellington, Frank Sinatra, Elton John e
Santana.
Um dos grandes momentos do filme é uma reunião de Irving,
Sydney, Polito, DiMaso e um sheik árabe (parte
do esquema para capturar congressistas que aceitam suborno) com a máfia. E quem
representa os mafiosos? BOBBY DENIRO! Sim, Robert DeNiro. Sua curta
participação foi tão especial que me lembrei muito de James Conway, de Goodfellas (1990). O cara foi feito para
esse tipo de papel! O elenco é
sensacional, não preciso desenvolver muito sobre isto, né? Mas digo que se
houvesse um Academy Award para o diretor de casting, certamente ele seria para
American Hustle neste ano. A atuação que mais me chamou a atenção foi a de
Renner. Okay, temos Bale, Adams, Lawrence, Coope. Todos fizeram bonito,
conseguiram convencer bem. Mas Renner deu vida a um político que quer
fazer o bem para comunidade ao mesmo tempo em que não quer deixar seus luxos de
lado. Até por este motivo Irving cria uma grande amizade com Polito, que será
testada nos momentos finais do filme.
American Hustle consegue ser divertido ao explorar o
submundo sujo de New Jersey. Temos aqui um dos melhores filmes de 2013, que
certamente será premiado com alguns Academy Awards. Parabéns para Russell,
que conseguiu a difícil proeza de engatar uma sequência de três bons filmes no seu currículo (com The Fighter, de 2010 e Silver Linings Playbook, de 2012).
O filme estreia dia 7 de fevereiro nos cinemas do Brasil.
Um filme com diálogos bem escritos, uma interessante química
entre os protagonistas, um elenco promissor (especialmente Miles Teller, vamos
ficar de olho) e uma direção de arte boa. O filme poderia fazer jus ao título
se não tentasse explorar tanto o lado psicológico de Sutter (interpretado por
Teller), um jovem rapaz que não tem perspectiva nenhuma para o futuro. Após
sair bêbado de uma festa, ele conhece Aimee (Shailene Woodley), uma jovem
tímida que se apaixona pelo problemático garoto.
O desenrolar da história está diretamente ligado ao pai de
Sutter, que o abandonou muito cedo. A busca pela justificativa das ações de
Sutter é chata e enrolada. Ao mesmo tempo em que acompanhamos o romance dos
jovens, parece que tudo vai dar sempre errado por conta do passado de Sutter. O
roteiro de Michael H. Weber e Scott Neustadter, os mesmos caras do ótimo 500
Days of Summer (2009), com certeza irá agradar os fãs de filmes slice- of-life.
Mas The Spectacular Now tem seus méritos. James Ponsoldt apostou em
contar uma história de amor muito diferente do que estamos acostumados em
assistir: a prom night é apenas mais
um evento, e não o centro do filme. A formatura do colégio é apenas um ritual
comum, e as amizades do casal não interferem em suas decisões.
Para quem curte o gênero, se prepare, pois Weber
foi o responsável pelo roteiro de The
Fault in Our Stars, que será lançado em junho.
Bad Day at
Black Rock é muito mais que um thriller. Combina elementos de um típico
western com um toque de film noir. Com direção do grande John Sturges e
estrelado pelo lendário Spencer Tracy, é impossível não se lembrar de High Noon
ao assistir este longa.
A história se passa na pacata Black Rock. John J. Macreedy
surpreende a cidade fazer parar o trem que passa pelo vilarejo para se hospedar
em um hotel da região. Devido ao fato da cidade estar muito isolada, os
habitantes desconfiam das intenções de John J. Então entendemos porque o filme
no Brasil se chama “Conspiração do Silêncio”: os habitantes da cidade sabem por
que John está lá, mas o espectador não sabe o que ele procura. Apenas sabemos
que John está atrás de um agricultor japonês que não responde suas cartas desde
1941 (o filme se passa logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945).
Todo o suspense em torno do segredo da cidade é muito bem
construído. Assim como Gary Cooper em High Noon, a cidade está contra John J e
sua morte é desejada por todos, desde o agente funerário até o dono do hotel (ou seja, outnumbered in a big way, como diria Ronald Reagan). Uma
cena de perseguição no deserto é o ponto alto do filme, considerando que ele
foi rodado em 1955.
Teria tudo para ser um grande filme se o final não fosse tão
apressado. Parecia que os produtores tinham o tempo controlado no relógio.
Entre a revelação do segredo final e seus desfechos, temos apenas, sim, APENAS
5 minutos. Dá a clara impressão de que não havia muito que contar após a
revelação do que aconteceu com o japonês.
Meus amigos, este é o melhor filme que vi nos últimos anos.
Estou escrevendo esta crítica cerca de cinco minutos após encerrar a projeção
desta pérola e posso garantir que você deve ir CORRENDO atrás desta obra de
arte.
Tenho absoluta certeza que meus filhos ou netos vão
encontrar “A Grande Beleza” no topo das listas dos melhores filmes produzidos
na Itália, junto de Nuovo cinema Paradiso, La vita è bela, Ladri di biciclette
e La Dolce Vita. Aliás, falando sobre este último, é impossível não fazer
comparações de Marcello Rubini
(interpretado por Marcello Mastroianni em 1960) com o simpático Jep Gambardella
(Toni Servillo).
Jep é um escritor que ainda colhe os frutos de um livro que
escreveu quarenta anos atrás. Além de muito dinheiro, sua vida foi recheada de
festas, mulheres e luxo. Ao completar 65 anos, Gambardella passa a questionar
sua vida e busca algum tipo de inspiração para escrever um novo livro. Ao
entrar a fundo na sociedade de Roma, Jep se encontra com um mágico, uma
stripper, uma freira (considerada como uma santa em vida pelos seus próximos) e
sua preocupada editora (só para citar alguns). Nos 140 minutos de filme,
podemos notar uma crítica aguda a vida sem rumo de Jep. Ele sabe quais são os
seus problemas, mas não consegue, de forma alguma, arranjar a solução. A busca
pela “grande beleza”, que é abordada nos minutos finais do filme com um diálogo
emocionante envolve completamente espectador. Sim, você é sugado para a
história a tal ponto de querer opinar sobre certas atitudes de Jep.
Paolo Sorrentino nos presenteou com o melhor filme de 2013, em
minha opinião. Permita-me citar meu diálogo favorito do filme, em italiano:
Finisce sempre così. Con la morte. Prima, però, c'e stata la vita,
nascosta sotto il bla bla bla. É tutto sedimentato sotto il chiacchiericcio e
il rumore. Il silenzio e il sentimento. L'emozione e la paura. Gli sparuti
incostanti sprazzi di bellezza. E poi lo squallore disgraziato e l'uomo
miserabile. Tutto sepolto dalla coperta dell'imbarazzo dello stare al mondo. Bla, bla, bla. Altrove, c'e l'altrove. Io non mi occupo
dell'altrove. Dunque che questo romanzo abbia inizio. In fondo, é solo un
trucco. Sì, é solo un trucco.
Ô Academia. Vocês estão de brincadeira? Dias atrás escrevi
sobre a disputada categoria de melhor ator. Sim, realmente temos uma porção de
filmes muito bons, mas não ter premiado Toni Servillo, mesmo que apenas com uma
indicação, foi um crime!
A fotografia é algo que só você assistindo para explicar. Ao
mesmo tempo do charme de Roma, podemos observar o tão temido vazio que a cidade
apresenta para Jep (muito bem exposto em uma caminhada do protagonista nas ruas
vazias da cidade). A trilha sonora é limpa e muito interessante.
Assistam a este filme! Dou minha palavra que não irão se
arrepender.
Robert Redford foi um dos heróis da minha infância. The
Natural (1984) foi meu filme favorito por um bom tempo. Adorava ver e rever
Redford no papel de Roy Hobbs. Quando
estava triste ou desmotivado, me lembrada da frase “And then when I walked down the street people would've looked and they
would've said there goes Roy Hobbs, the best there ever was in this game.” Devo citar também outros filmes
memoráveis deste ator: All the President's Men (1976), Butch Cassidy and the
Sundance Kid (1969) e The Sting (1973, com o plus de estar na lista do meu top 10 atual). Redford é um ator
completo. All is Lost apenas confirma o que todos já sabem: o cara é bom!
Em um filme de menos de 5 frases, o espectador é convidado a
acompanhar a luta do “nosso homem” (nome como é referido o personagem nos
créditos finais). Após encontrar uma rachadura no casco de
seu barco, tenta de todas as formas possíveis bolar um plano para sobreviver e ser resgatado
em alto mar. Escrito e dirigido por J.C. Chandor, que ganhou fama após o
ótimo Margin Call (2011), o filme virou o queridinho dos críticos
profissionais, chegando a estar em algumas listas das melhores produções de
2013. O fato de Robert não ser indicado ao Óscar não surpreende: dificilmente a
Academia iria premiar este tipo de filme. A nomeação para edição de som, no
entanto, é muito justa.
Apesar de entender a proposta do diretor, gostaria de saber
mais sobre o passado do nossos homem. Visivelmente, podemos notar que ele é um
marinheiro rico e boa pinta. Mas sua tranquilidade frente a morte e seus raros
momentos de raiva não podem ser totalmente compreendidos sem a referência a seu
background.
A luta pela sobrevivência, tão explorada pelo cinema nos
últimos 10 anos, ganhou uma produção de
primeiro nível para as listas deste gênero. Apreensão, emoção e tensão: Chandor
mostra que uma produção boa pode ser realizada de forma simples e inovadora.
Confesso que ao saber da produção deste filme, no começo do ano passado, temia
pelo pior. Cheguei a considerar que o fracasso poderia manchar a carreira de um
dos meus ídolos no cinema, pois pensava que este tipo de produção não iria dar
certo (fiquei traumatizado após assistir Gerry
- 2002). Ufa, que bom que estava enganado! Redford, you rock!