Entender a fé do homem foi uma das principais preocupações de Ingmar
Bergman. O diretor sueco questionou tudo o que podia, desde o sentido religião até símbolos e rituais em sua vasta filmografia. Luz de
inverno, segundo o próprio Bergman, foi o melhor filme que produziu em sua
vida.
Tomas (Gunnar Björnstrand) é um padre de um pequeno vilarejo que reza
missas e investe em longos diálogos com os fiéis (apesar da pouca participação
dos fiéis - na primeira cena do filme, apenas sete pessoas estão presentes no sermão).
Sua fé é testada quando um homem com pensamentos suicidas passa a questionar
Deus, muito pelo medo dos chineses lançarem uma bomba atômica (vale
mencionar que o filme foi rodado um ano antes da Crise dos Mísseis de Cuba).
Porque o criador do universo permitiria ver seu mundo destruído pelas mãos de
seus criados?
Além da falta de fé do próprio padre, o longa trata de seus
problemas pessoais, que vão desde a morte de sua mulher até o desejo de uma
fiel em se casar com Tomas. O clímax do filme, sem dúvida, é o diálogo final
sobre a interpretação da Paixão de Cristo: o questionamento sobre o sofrimento
de Jesus encaixa perfeitamente com o que vimos ao longo de oitenta minutos (não
quero ir adiante para não soltar um grande spoiler).
Apesar de ser produzido nos mesmos moldes de todos os grandes filmes do
diretor, eu não recomendaria este filme para alguém que não conhece Bergman. A
monotonia das cenas iniciais, uma tomada de seis minutos com uma atriz
dialogando diretamente com as câmeras, e algumas complexas passagens sobre
religião podem afastar o espectador. De todo o modo, é um filme interessante,
que, apesar de não agradar a todos, foi muito bem planejado e produzido.
NOTA: 7/10
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